Não compre fãs no Facebook

Notei que a desqualificação do público ainda era grande. E o que me chamou a atenção, no momento em que pesquisava os perfis, é que alguns deles eram suspeitos, não somente por não cumprir com o filtro que havia imposto, mas porque reagiam a todas as publicações impulsionadas.

A estes, dediquei um tempo maior em que fui aos perfis para analisá-los minuciosamente.

Em 2009, estava finalizando o projeto de uma pós graduação – a primeira pós em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais em Santa Catarina, no Brasil. Acredito que foi a primeira do sul do Estado, porque nela matriculavam-se alunos de outras regiões, não só da grande Florianópolis.

Lembro-me de precisar de uma pesquisa sobre o perfil dos prospects, antes mesmo de colocar a pós no ar. Para conseguir alguns dados, abri uma fanpage no Facebook.

A rede social estava iniciando a sua ascensão e eu poderia aproveitar para utilizar o que eles denominavam de promoção de páginas.

Por que comprar fãs no Facebook pode desqualificar sua fanpage?

Estudei toda as regras de promoção para testá-la. Os filtros já existiam e pensei na minha persona para poder realizar a divulgação da fanpage. Tudo certo, acionei o botão pagar e deixei que o Facebook trabalhasse na divulgação enquanto entrava em sala de aula onde os alunos de Marketing Digital estariam presentes.

Finalizei a aula e acessei aos resultados iniciais da divulgação do Facebook para a minha página.

 

Fiquei surpresa ao ver os novos fãs, filtrados pelo Facebook, que não condiziam com dados demográficos, como a geolocalização do meu público: estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Curitiba, e nem com dados psicográficos, como interesses nos conteúdos publicados.

O público que estava curtindo a página era completamente desqualificado, ou seja, sem escolaridade necessária para realizar uma pós-graduação e das regiões norte e nordeste, na sua maioria. Ou seja, tudo o que poderia fugir da minha proposta de público, em que utilizei os filtros para que o algoritmo do Facebook encontrasse os usuários que possuíam as qualificações desejadas.

Um alerta sobre impulsionamento de posts no Facebook

Como não realizei o print das imagens da minha promoção de página em 2009, resolvi realizar um teste de promoção novamente. Com a atualização contínua do algoritmo do Facebook, acreditei que agora não haveria erro. Nesta nova promoção, utilizo o impulsionamento de posts da pós-graduação como “cobaia” porque ela não está mais sendo utilizada, e para não comprometer outras páginas em que trabalho e que poderão sofrer consequências caso o filtro não realize com fidelidade a ação de busca pelo público qualificado.

Filtro utilizado para o impulsionamento de posts no Facebook

Na imagem, você pode observar que meu público tem a localização na grande Florianópolis, interesses específicos sobre Marketing de Conteúdo, Marketing Digital, MBA, Pós-graduação, Jornalismo, Educaão, Marketing de Mídia Social, Publicidade, Jornalismo on-line, Mídia Social ou Resultados Digitais, e idades entre 23 e 48 anos.

Observando os resultados, novamente os perfis do público que reagiram às publicações impulsionadas estava aquém do que meu filtro indicava.

Geolocalização do público que reagiu aos post no Facebook

Com este resultado, pesquisei o público e notei que a maioria não era qualificada para reagir às publicações.

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Notei que a desqualificação do público ainda era grande. E o que me chamou a atenção, no momento em que pesquisava os perfis, é que alguns deles eram suspeitos, não somente por não cumprir com o filtro que havia imposto, mas porque reagiam a todas as publicações impulsionadas.

A estes, dediquei um tempo maior em que fui aos perfis para analisá-los minuciosamente.

O perfil na imagem acima reagia a todas as publicações impulsionadas, o que me fez desconfiar por algumas razões.

  • não curtiu e nem seguiu a página
  • não cumprir com as especificações qualitativas em relação, dados demográficos quanto à geolocalização e dados psicográficos quanto aos interesses

Analise os perfis que reagiram a seus posts patrocinados: você poderá estar pagando para a visita de robôs ao invés de pessoas.

Sob a análise do suspeito perfil indicado acima, lancei a hipótese de se tratar de um bot [um robô, ou robot, capaz de simular ações humanas repetidas vezes]. A pergunta que me fiz foi simples: por que o Facebook iria se utilizar de um perfil suspeito, um robô, para interagir com minhas publicações impulsionadas?

Minha página não era sobre política, em que já temos conhecimento sobre a quantidade de bots que são investidos para a métrica da vaidade, números de fans e reações. Por que será que em uma página sobre educação, como a minha, o Facebook está, deliberadamente, utilizando os seus bots? E mais: eu tive que pagar para que o Facebook justificasse o seu compromisso em entregar o post para pessoas desqualificadas, com a intenção de que eu acreditasse em números. Mas, como eu e você sabemos, números não significam nada se não forem contextualizados.

Como ativei mais informações na página, pois já estava abandonada, resolvi analisar outro nome, com o mesmo foco em conteúdo para denominá-la. Nesta ação, a interação, mesmo ainda não recebendo o novo nome para a página, o Facebook comunica que um dos meus visitantes considera que as informações da minha página estão incompletas ou desatualizadas. Novamente, fui analisar sobre o visitante.

E, novamente, me deparo com um bot do Facebook.

Mais um perfil suspeito, agora sem informações demográficas ou psicográficas. A única resposta que tenho para isso é a de que a própria rede social, o Facebook, utiliza-se de robôs para interação, culminando em reações nos impulsionamentos de posts e de curtidas na fanpage. Além disso, a busca pela coleta de meus dados, como o número de telefone, que foi solicitada por um visitante, que imediatamente vem à página após eu atualizá-la.

O que talvez o Facebook não esperava é que eu estivesse, neste exato momento, escrevendo este post, sobre impulsionamento e promoção de páginas em sua rede social.

Desta forma, comecei a desenvolver a minha estratégia, com produção de conteúdo para blogs e táticas de engajamento, para outras páginas que abri em seguida, com mais experiência.

Exemplo de SEO orgânico no Facebook

A partir de minhas experiências, comecei a trabalhar o Seo orgânico no Facebook. Sim, dá trabalho, mas a recompensa é maior e a fidelização dos fãs também.

A página a seguir tem 8.563 curtidas orgânicas, em 02/03/2019, de um universo de 12.000, que é o número que contempla uma comunidade geolocalizável. Portanto, tenho 2/3 das pessoas desta comunidade que curtiram a fanpage.

A média de alcance de uma publicação, sem impulsionamento, varia entre 4.000 e 12.000 pessoas alcançadas.

As reações são surpreendentes para o número de fãs. Neste exemplo, temos 401 reações, o que é bem alto para 8.500 curtidas na página.

Este alcance é provindo também de compartilhamentos que são realizados pelas pessoas. Portanto, ao criar conteúdo relevante para o público, consegue-se a empatia e credibilidade, em que as pessoas atestam, em seus compartilhamentos, que assinam embaixo as publicações por elas compartilhadas.

A imagem acima mostra o alcance das publicações realizadas entre os dias 23/02 e 01/03. Nesta semana, houve três publicações. O alcance orgânico foi de 10.114 mil. A partir dos compartilhamentos, este número foi possível, ultrapassando o número de fãs da página.

Com os compartilhamentos, consigo mais público qualificado para a fanpage, provindos de amigos dos fãs que compartilharam.

Desta forma, não há a necessidade de promover a página, pois o Seo orgânico realiza a divulgação da mesma pelos próprios usuários.

MARKETING DE CONTEÚDO EM REDES SOCIAIS: ESTUDO DE CASO BIS XTRA

São poucas as páginas que tem um número de reações e comentários altos, comparado ao número de curtidas na fanpage. Este é um bom exercício para você realizar: acesse às páginas que você escolher e compare as curtidas e comentários nos posts em relação às curtidas nas páginas. Busque por páginas que são atualizadas com frequência. É surpreendente como há desigualdade entre os números.

Caso consiga um exemplo entre a equação de curtidas na página e reações e comentários nos posts, comente aqui neste post para que todos tenham acesso.

Ah, e caso encontre um bot por aí, publique aqui para desmascará-lo.

Pra finalizar, contamos com dois pontos que mexem com nossa psiquê:

  • a sedução que o Facebook psicologicamente provoca com suas mensagens para que os administradores das páginas as patrocinem

  • a questão da concorrência entre marcas que ficam de olho na performance das outras marcas, o que poderá estimular a tomada de atitude pra explorar as métricas de vaidade e investirem capital para recorrer a mais números, mesmo que não reflita no engajamento do público.

Ou seja: todos os lados, a empresa Facebook e a concorrência, também estimulam atitudes de investir capital nas páginas e acabar mais longe ainda de seu público, sem o trabalho de pensar no próprio negócio: as pessoas.

Leia um caso de sucesso de Seo orgânico no Facebook no Brasil

Meu nome é Luciana Manfroi, e eu sou consultora em Marketing Digital. Pesquisei na web e não encontrei conteúdos relacionados a este. Portanto,  este post é de opinião, experiência e pesquisa.

One thought on “Não compre fãs no Facebook

  1. Oi, Lu! Estamos com esse problema também aqui onde trabalho. É assustador a qualidade das pessoas que estão chegando na página. Assim como você, monitoramos esses perfis e eles estão totalmente desalinhados com a proposta de segmentação.

    Certa vez li que isso pode acontecer por conta de uma segmentação muito específica, o que vai de encontra ao que vende o Facebook. A indicação era deixar mais abrangente, mas de qualquer forma é um absurdo.

    Obrigada por compartilhar a sua experiência!

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